Porto Alegre tem metade do número ideal de
veículos de combate ao fogo
Incêndio no Mercado Público expôs falta de infraestrutura dos bombeiros.
Hoje, corporação conta com apenas oito caminhões em funcionamento.
O incêndio que atingiu o Mercado Público de Porto Alegre na noite do último sábado (6) revelou falhas na infraestrutura do Corpo de Bombeiros. Segundo a própria corporação, a capital gaúcha tem menos da metade do número de caminhões considerados necessários para combate a incêndios, por exemplo, entre outros problemas.
Atualmente, Porto Alegre conta com oito veículos de combate ao fogo em atividade. Para atender a ocorrência no Mercado Público, foi necessário o apoio de outros carros, vindos de municípios da Região Metropolitana como Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. O que aumenta o tempo de resposta em função da demora para o deslocamento.
Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros na Capital, major Rodrigo Dutra, o ideal seriam 20 unidades, pelo menos duas para cada uma das 10 estações da cidade. E mais modernos: pelo menos um veículo de 1997, por exemplo, está parado na manutenção.
“Nós apresentamos a necessidade da implantação dos quatro quartéis que não estão instalados ainda em Porto Alegre, a necessidade de aquisição de mais 10 viaturas de combate a incêndio, proporcionando que cada um dos quartéis disponha de dois veículos de combate a incêndio, um carro principal e um carro reserva, que hoje não existem”, explica o major Dutra.
Na tarde desta segunda-feira (8), o Comando do Bombeiros de Porto Alegre apresentou um relatório para a Secretaria de Segurança Pública (SSP) pedindo mais investimentos em infraestrutura para a corporação. O governo do estado diz que está estudando os pedidos.
Na tarde desta segunda-feira (8), o Comando do Bombeiros de Porto Alegre apresentou um relatório para a Secretaria de Segurança Pública (SSP) pedindo mais investimentos em infraestrutura para a corporação. O governo do estado diz que está estudando os pedidos.
Apesar da atuação dos bombeiros no combate ao incêndio ter recebido elogios das autoridades por ter evitado a destruição de um prédio que faz parte do patrimônio histórico da cidade, Dutra diz que os estragos poderiam ter sido menores caso a corporação contasse com mais equipamentos, como uma segunda unidade de escada mecânica conhecida como Magirus. Das duas disponíveis em Porto Alegre, uma está estragada.
“Se nos tivéssemos duas ferramentas, duas escadas mecânicas na cena, posicionadas taticamente, de forma adequada, talvez fossemos mais bem- sucedidos em não deixar queimar 10% do mercado. Talvez queimasse 5% ou um pouco menos”, avalia Dutra.
O tenente-coronel da reserva do Corpo de Bombeiros Nelson Matter trabalhou durante 30 anos na corporação. Ele garante que, proporcionalmente, a estrutura atual é inferior a da década de 1980 e que também falta treinamento adequado para os militares.
“Faltam viaturas, faltam equipamentos, faltam profissionais, faltam treinamentos mais aprofundados, cursos fora do estado, fora do país. Um bombeiro precisa, sendo a última instância para salvar vidas, precisa estar devidamente equipado. E a nossa realidade infelizmente não é essa, nós não estamos equipados”, opina.
“Faltam viaturas, faltam equipamentos, faltam profissionais, faltam treinamentos mais aprofundados, cursos fora do estado, fora do país. Um bombeiro precisa, sendo a última instância para salvar vidas, precisa estar devidamente equipado. E a nossa realidade infelizmente não é essa, nós não estamos equipados”, opina.
Para o engenheiro Telmo Brentano, especialista em combate a incêndios em edificações, a prevenção precisa ser tratada com mais seriedade no país. Ele diz que só o plano de combate a incêndio não basta.
“Muitas vezes, o plano é uma intenção muito boa. Mas na prática ele pode não funcionar adequadamente. O importante sempre é a continuidade do processo que se desenvolve a partir de uma brigada de incêndio que deve ser treinada regularmente”, recomenda.
O engenheiro espera que a nova legislação estadual de combate a incêndios torne obrigatório o uso de chuveiros automáticos, conhecido como sprinklers. O relatório sobre a proposta da nova legislação foi aprovado recentemente na Assembleia Legislativa, com o objetivo de prevenir tragédias como a ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria, atingida por um incêndio em 27 de janeiro que resultou em 242 mortes.
Fogo atingiu parte superior do Mercado Público e destruiu cerca de 10% do prédio (Foto: Divulgação/PMPA)
“Nesse caso do Mercado Público, como o fogo foi muito intenso, ou seja, as chamas foram muito violentas inicialmente. os chuveiros todos iriam funcionar adequadamente. Não é que o chuveiro vá apagar o fogo, mas ele vai diminuir a intensidade do fogo e vai evitar a propagação do fogo para o resto da edificação e para prédios vizinhos”, explica Brentano.
O fogo no Mercado Público começou por volta das 20h30 e foi controlado por volta das 22h30. Depois, os bombeiros ainda trabalharam no rescaldo. Não houve feridos. Quem estava no prédio conseguiu sair. A prefeitura afirma que todos os equipamentos de proteção contra incêndio do prédio estavam em dia, sendo 57 extintores que foram revisados há 15 dias e 10 mangueiras substituídas por novas. O comandante do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, Adriano Krukoski, afirmou que o Mercado Público nunca teve Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI).
Nenhum comentário:
Postar um comentário